quinta-feira, 1 de março de 2012

Linguagem, língua e fala

Convém falarmos hoje de três princípios que se encontram na base de todo e qualquer estudo na área da Linguística: linguagem, língua e fala.

A linguagem, o mais complexo dos três, trata-se de todo e qualquer sistema de signos simbólicos utilizados para a intercomunicação social, a fim de expressarmos e comunicarmos ideias e sentimentos, ou seja, tudo aquilo que podemos chamar por conteúdo de consciência.


A linguagem, portanto, estende-se além do tradicional conceito da atividade humana do falar para todo e e qualquer sistema de signos que transmita conteúdo de consciência, como são, por exemplo, as diversas formas de expressão artística: música, pintura, escultura, canto, dança etc. Portanto, devemos entender o aspecto de intercomunicação social da linguagem como um "estar no mundo com os outros".

Lembramos que, apesar de usarmos o termo linguagem animal, na acepção plena da palavra, estes não a contemplam, até por não possuírem aparelho fonador especializado como os humanos. Os animais, em si, mantêm apenas um código básico de comunicação, sem que exista aquilo que chamamos por "diálogo"; portanto, este não se oferece como um substituto à experiência, não se transmite no tempo e no espaço. Também, essa comunicação é de conteúdo restrito, limitado, o qual não pode ser decomposto em unidades menores. Resumindo: o único animal que simboliza é o homem. E, a partir dessa característica, surge a possibilidade de comunicação interpessoal.


O estudo da Linguística restringe-se à linguagem verbal humana. Aos outros sistemas de signos atende-se pelo estudo da Semiótica.

Posto isso, vamos para a nossa segunda definição: a língua.

A língua, além de um sistema de valores que se opõem uns aos outros, é um conjunto de convenções adotadas por uma comunidade linguística com o intuito de, como dito anteriormente, se comunicarem entre si. Portanto, são todas as convenções adotadas, ao longos dos anos, por determinada sociedade, de modo que, cada um de nós, individualmente, dela pode fazer uso, mas não modificá-la (essencialmente, por se tratar de produto social).


Grosso modo, podemos dizer que a língua está inserida, é subconjunto, de algo maior: a linguagem.

A seguir, temos a fala, ou parole, que é a utilização pessoal feita pelo indivíduo em um ato concreto de comunicação, ou seja, a língua manifestada por vontade individual. Novamente, podemos dizer que a fala é extraída de algo maior, é subconjunto, daquilo que definimos como língua.

Portanto, temos a língua como um manancial, um estoque infindável, de material léxico e gramatical. Deste, como falantes, fazemos uso do que necessitamos - água na qual nos banhamos, ou dela nos apropriamos, de acordo com a necessidade.

Linguagem, língua e fala, portanto, estão aí apresentadas. Esperando ter contribuído para despertar no leitor (ou escritor) não acadêmico um desejo de aprofundamento no campo da Linguística, preparo material de interesse para suas próximas visitas.

Hasta la vista, baby.

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